Meus príncipes
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O destino

Quando comecei a anotar as pérolas que meus filhos diziam, pensava apenas em transformá-las em um diário para eles guardarem para sempre. Contudo, em um determinado momento, que contarei mais a diante, estas passagens que viraram este blog tornaram-se um divisor de águas: ficou para trás uma felicidade ilusória e surgiu um lindo horizonte se abrindo pra mim, um renascimento. Eu havia me esquecido que tinha características únicas e que precisavam ser respeitadas. Foi como se eu voltasse a ser criança descobrindo que a possibilidade está em minhas mãos. Relembrei do quanto sou importante para mim mesma, da vivacidade que sempre tive, do meu valor e das minhas aptidões. Reerguendo-me de uma peça que o destino me pregou e dia após dia estancando a dor e curando as feridas.

Muitos quando souberam o que eu estava produzindo disseram que a idéia era a minha cara, É verdade, confesso que leva totalmente o meu jeito de ser. Eu sempre fui assim: a palhaça tímida. Gosto do hilário da vida real. Nunca fui da piada pronta, mas do engraçado no cotidiano. Daquilo que é verdadeiro, espontâneo. Sempre fui taxada de distraída, que esquece nomes e rostos. É verdade, esse é o meu defeito. Entretanto, hoje percebo que sou sensível e tenho facilidade de entrar em sintonia com qualquer forma de expressão, principalmente a das que brotam da alma de uma criança e não seja apenas fruto da intelectualidade de um adulto.

As crianças, através de suas descobertas e estranhamentos nos estimulam a ver o que não temos mais capacidade de enxergar. Reaprendemos a olhar a poética do cotidiano. Se tivesse ido trabalhar fora, como toda mulher hoje em dia, será que teria tanto material para este blog? Possivelmente não. Elas são tão rápidas e crescem num piscar de olhos e logo deixam de ser crianças e o que falam já não têm mais a mesma sutileza. Encanta-me a inocência, o fascínio pelo novo, a ausência de malícia, o desembaraço e a inteligência que muitos adultos não têm ou se um dia tiveram esqueceram em algum lugar da infância.

A partir do momento que o meu mais velho Ti (7) começou a falar, aos dois anos e meio, surgiram tiradas inteligentes, espirituosas, além de questionamentos pertinentes para quem está descobrindo o mundo. Antes que a memória começasse a falhar passei a registrá-las em um diário. E agora, aos três anos, o meu pequeno Fê também começou a dar o ar da graça. Então, imaginei a alegria que ia ser para os dois lerem tudo isso daqui alguns anos...

Meu marido e eu nos separamos em maio de 2009. Ti com seis anos e cinco meses e Fê com três anos e três meses. Essa, sem dúvida, foi à época mais difícil da minha vida. Uma tremenda rasteira que levei. Principalmente por eu sempre ter acreditado que o amor e o compromisso que assumimos de constituir uma família ultrapassaria qualquer crise, qualquer barreira. Mas não foi assim...

O que aconteceu para o rompimento não vem ao caso. E sim o que aconteceu comigo. É a velha história da mulher que se deixa de lado para se dedicar à família. Nos oito anos que duraram o casamento, os meus filhos e o meu marido eram a minha prioridade máxima. Naquela altura, era a meta que tinha sonhado atingir: ter uma família, saudável, estruturada e feliz! Por isso, o fim da relação causou um vazio sem igual. Afinal, o castelo ruiu. Não existia mais aquela família sólida e feliz. Por mais que não quisesse demonstrar o sofrimento às crianças, era humanamente impossível. Vivi um luto e ainda por cima tinha que ser forte para os meus filhos. Se tivesse algo consistente para afogar as mágoas ia ser mais fácil. Um trabalho para me devotar. Foi aí que surgiu a idéia deste blog.

Ele veio como um bálsamo. Foi a minha maior terapia e melhor companhia. Livrou-me por muitas vezes do abandono, da melancolia, da raiva e da culpa. Ele começou num momento triste, durante um processo difícil que é a separação. Contudo me trouxe lucidez e não deixou de ser prazeroso. Afinal, sempre tive o gosto pela escrita e pela comicidade da rotina. Não podia perder a alegria de viver, ainda mais com duas riquezas dentro de casa me cercando de amor e precisando de mim. Mesmo com o coração dilacerado pelo fracasso na minha história com meu marido consegui ter momentos de alegria e de emoção diante da sabedoria dos meus pequenos.

Eles foram os meus melhores professores. Proferiram frases tão profundas e intensas de amor. Frases inimagináveis e palavras edificantes em crianças de tão pouca idade. Inevitavelmente amadureceram antes do tempo e deixaram por muitas vezes de lado o mundo lúdico para entrar na problemática adulta. Dentro da ingenuidade deles me mostraram um caminho. Uma trilha simples e bonita que só eles são capazes de criar. O amor deles me preencheu de anseios e sonhos genuínos. Ao lado deles transformei a dor em crescimento, a dúvida em coragem, o desafio em vitória e o sonho em tangível realidade. Permitiram ir embora tudo o que não fazia mais sentido, o que era velho e de raízes fracas.

Espero que este blog possa contribuir como incentivo para muitas mulheres não deixarem de ir a luta mesmo quando estiverem vivendo um momento adverso...



terça-feira, junho 29, 2010

Aniversário do Bidu

No sábado fiz uma festinha de aniversário para o nosso cachorrinho, o Bidu. As crianças me cobravam o tempo todo isso. Achavam natural que ele tivesse uma festa pra comemorar o seu primeiro ano de vida. Encomendei, então, um bolinho e chamamos um amigo do Tiago. Cantamos parabéns. Teve gente que quando soube achou uma besteira sem tamanho... Eu não achei. Só de ver a cara de alegria dos meninos já valeu! Agora,  observem que na primeira foto somente o Bidu olhou para a câmera!

Primeiro Amor

  E as paixões começam desde cedo... Um dia o Tiago chegou da escola e soltou essa: - Mãe, a Camille estava tão linda hoje de vestido... Ela tem os pêlos dos braços tão bonitos!  

domingo, junho 27, 2010

Morte

   O Tiago declarou aos sete anos:
- Mãe, eu não quero morrer!
Dei risada e respondi para acalmá-lo:
-Não tem jeito, Ti...Todo mundo morre. Mas quem falou que morrer é ruim? Por acaso você se lembra aonde estava antes de nascer?
- Como eu vou saber? Estava de olhos fechados! – Concluiu.

quinta-feira, junho 24, 2010

Pergunta incrível!

     O Felipe já estava com quatro anos e acordou naquela sexta-feira pedindo para comer um lanche no Mc Donalds. Mas a vontade teve que ficar para o dia seguinte. Justifiquei:
- Só poderemos ir amanhã...
Ansioso e em dúvida, soltou a pergunta:
- Mamãe, amanhã é hoje?








terça-feira, junho 22, 2010

Separação

Estava um dia no carro contando uma porção de coisas interessantes que tinham se passado na minha vida. Então, comentei com o Tiago:
- Você viu, Tiago? Quantas histórias bonitas a mamãe tem. Mas infelizmente agora tenho uma feia com o papai...
Aí o Tiago me consolou com a autoridade de uma criança de apenas seis anos:
- Então joga essa história no lixo e fica só com as histórias boas!
  

sexta-feira, junho 18, 2010

No pediatra

Tiago foi a uma consulta de rotina ao pediatra. Muito paciente Dr José Fernando explicou que comparando as mesmas idades, o Tiago tinha sempre dois dedos a mais de altura que o Felipe. O Tiago olhou apavorado:
- Nossa! Então eu tenho 12 dedos!!!

quarta-feira, junho 16, 2010

Medo de avião

  Falei para o Tiago que um dia iríamos andar de avião. Entretanto, a idéia o deixava temeroso.
- Tenho medo. O avião cai e não tem aonde segurar!

quinta-feira, junho 10, 2010

Animal de estimação

  Comprei um cachorrinho da raça Shih-Tzu para as crianças. Demos o nome de Bidu. Ambos diziam que eram os donos do bichinho. E assim começava a confusão. Cansado de tanta disputa, o Felipe pediu:
- Mãe! Compra uma gatinha pra mim?
Respondi: - Não vai dar certo um cachorro e uma gata na mesma casa.
Mas ele não levou a negativa para o lado do conflito entre os bichinhos, mas sim de um possível namoro.
- Não vai dar certo os dois namorarem, né mãe? Se eles tiverem um filho, vai nascer o que?
Tentei achar uma resposta para a pergunta estapafúrdia. Mas ele deu a sua opinião antes:
- Acho que deve nascer uma “zebra”!

terça-feira, junho 01, 2010

Peixinho

  Os meninos ganharam dois peixinhos. O Tiago deu o nome do seu azul de “Fofo” e o Felipe nomeou o seu vermelho de “Mano”. Depois de seis meses o Fofo morreu. Eu quis amenizar a situação:
- Não fique triste Felipe, o Fofo foi para o céu dos peixes...
Ele contestou no mesmo instante:
- Não foi não. Eu vi a Lucia (funcionária) jogando ele dentro da privada!